Porque as mulheres japonesas não envelhecem nem engordam

Pelo quarto ano consecutivo as japonesas bateram o recorde mundial da longevidade. Segundo uma pesquisa realizada em 2009 pelo Ministério da saúde, trabalho e bem-estar do Japão, elas vivem em média 86 anos, cerca de dez a mais que as brasileiras.

A medicina preventiva é um dos fatores responsáveis por aumentar a expectativa de vida. Uma vez por ano, os japoneses fazem um exame de saúde completo, o que permite o controle de fatores de risco como, por exemplo, o colesterol. Mas é na dieta oriental, baseada em peixes, vegetais, frutas, arroz e soja, que as japonesas encontram a sua maior aliada na busca por uma vida longa.

Dieta Oriental x Dieta Ocidental

Em comparação com a dieta oriental, os alimentos tipicamente ocidentais trazem inúmeros malefícios para a saúde. No Japão, o pouco consumo de produtos industrializados (com alto teor de gorduras trans) reduz a ingestão de sódio, farináceos e açúcar refinado, os principais causadores da obesidade e de doenças como diabetes e pressão alta.

As proteínas contidas no leite de vaca podem ser altamente prejudiciais ao bem-estar, impedindo a absorção de vitaminas e minerais pelo organismo. "Substituir os laticínios pelo queijo e leite de soja, como fazem os japoneses, também contribui para controlar o excesso de gordura", afirma a consultora nutricional Patrícia Rebelo. 

Além disso, os ácidos graxos saturados, comuns nas frituras, banha de porco, bacon e derivados do leite, aumentam o risco de doenças cardíacas, pois entopem as artérias. "Atualmente, 75% das doenças coronarianas são atribuídas a fatores como má alimentação e sedentarismo", revela a nutricionista Renata Valentini.  

Já a carne vermelha, os óleos saturados, o creme de leite e o pão branco estão entre os alimentos que mais precipitam o envelhecimento. Eles atuam prejudicialmente na elasticidade da pele, diminuem o apetite sexual, alteram o sono e a memória.

Guia de Alimentos 

Se não dá para contar com um sistema de saúde preventivo igual ao do Japão, que tal fazer a sua parte e começar uma dieta mais saudável? Conheça os alimentos mais consumidos pelas japonesas e mire-se no exemplo que vem do outro lado mundo.

- Peixes, gergelim e feijão: O ômega 3, presente nos peixes como salmão e atum, diminui a viscosidade do sangue, melhora a fluidez da membrana celular e tem ação anti-inflamatória. Além disso, a coenzima Q10, encontrada no gergelim e no feijão azuki (feijão vermelho), previne o envelhecimento precoce da pele e é eficaz na redução da profundidade das rugas. O peixe é melhor digerido pelo organismo, seu consumo ajuda a não sobrecarregar o estômago, facilita o funcionamento do intestino e aumentando a sensação de bem-estar, e ainda possui menos colesterol se comparado à carne vermelha, comum na dieta ocidental.

- Frutas, verduras, algas: São ricas em antioxidantes que protegem as células do ataque de radicais livres, ação característica de doenças como o câncer. Boas fontes de fibras, vitaminas, minerais e água, as frutas e verduras contribuem para o funcionamento do intestino e hidratação das células. Além disso, o alto consumo de hortaliças alcaliniza o pH do sangue, diminuindo a perda de massa óssea que ocorre com o passar dos anos.

- Soja: É uma excelente fonte de proteínas, além de um repositor natural do hormônio feminino. Dessa forma, pode ser uma ótima aliada contra a osteoporose, além de ajudar a aliviar os sintomas da tensão pré-menstrual e da menopausa. Estudos mostram que a soja aumenta a síntese de colágeno, evitando o envelhecimento precoce da pele.

- Arroz: Encontrado no arroz, o orizanol diminui o colesterol total e tem atividade antioxidante.

- Chá verde: O chá verde, por sua forte ação antioxidante, previne a ação cancerígena de raios solares e reduz as modificações nas cadeias de colágeno da pele. Além disso, acelera o metabolismo, estimulando a queima de calorias e ajudando na manutenção do peso.

- Cogumelo: Excelente fonte de boro, o cogumelo é um alimento importante para o bom funcionamento do metabolismo ósseo. Além disso, aumenta as concentrações de hormônios em mulheres na pós-menopausa.

Como incluir esses alimentos em seu cardápio

Renata Valentini dá as sugestões: "O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo. Precisamos criar o hábito de adicionar esse valioso grão nas receitas. Infelizmente, não temos salmão e atum frescos nas nossas prateleiras, mas a sardinha e a cavala também são ricas em ômega 3. O arroz branco já faz parte da nossa alimentação, mas deveríamos substituí-lo pelo integral que contém fibras, vitaminas e sais minerais. Além disso, nosso país possui uma vasta produção de hortaliças que podem ser aproveitadas na dieta", lembra a nutricionista.

Os alimentos usados na culinária japonesa podem tornar as nossas refeições muito mais saudáveis. Cuidado apenas para não exagerar no shoyu, molho muito comum na dieta oriental. O seu elevado teor de sódio promove o aumento da pressão arterial.